O Toque

À noite, como todas elas são escuras/
Essa, como algumas outras, está densa/
No quarto vazio e sem luz apenas uma cama/
Vejo a porta ao longo do quarto, meio afastada/
Ao meu lado a janela molhada, que subitamente recebeu um toque/



Os clarões vez e outra eram atirados como facas/
Como no circo, gira-me de cabeça para baixo essa luz que me tonteia/
Sentado na cama espero um grito súbito a me amedrontar/
O pior está acontecendo, o silêncio faz minha mente calar/
De repente, como um pingo do nada, da janela vem um toque/

No alto, no teto, o buraco para uma lâmpada/
Do hospício certo é que saiu a cama/
Mantenho minha cabeça meio baixa/
A fim de ver apenas a madeira pálida do chão, às vezes sobreposta por uma sombra/
Em minha mente estala o som, é um toque/

Como que se alguém caminhasse no corredor e eu sem ver a porta/
Não há lá nenhuma! Apenas vejo a parede morta/
Ah sim, a chuva! Ela me incomoda/
É forte às vezes faz barulhos e assobia/
Mas também é sobreposta ininterruptamente por um toque/

Maldito toque! O assobio a falta da porta/
O chão morto, a falta de lâmpada/
Mesmo a maca tirada do hospício não é nada/
Ao compasso perfeitamente marcado nada se compara/
Lá vem de novo, mais um toque/

Não me leve a mal leitora/
O frio é congelador e imagine o escuro da madrugada/
Sem luz e pelos trovões a noite é iluminada/
Pense na minha visão meio que do chão pegando meia porta/
Lá vem de novo na mente, agora no dois, um toque/

Penso na época de verão em que eu poderia.../
Agora me lembrando do sol, vejo como essa noite é temida/
Como dizia, no verão esse galho eu quebraria/
É noite e ele bate, eu apenas podendo fazer nada/
Cotidianamente bate o galho, mais um toque/

Comentários

Postagens mais visitadas