A História de Samuel e Helen - parte 2
O calor escaldante e o vazio deserto são interrompidos por aquela cena apavorante do carro batido em uma grande pedra. A família toda está presa nas ferragens do carro e todo aquele alvoroço atraiu os animais selvagens dali. Ouve-se apenas os passos dos canídeos do deserto e o voo do urubu. O cheiro de gasolina é forte. Os canídeos se aproximam e quando sentem o cheiro de sangue correm em direção ao carro. Eles entram no carro e um dos animais dá uma mordida na perna de Helen, mas eles são espantados por um grito forte e batidas na carroceria do carro. Com isso correm de medo.
Quem está em cima do carro é um homem alto e negro. Ele demonstra grande fúria para espantar os animais. Seu grito é forte e assustador. Assim que os animais se afastam, ele agacha e vê a situação dos que estão dentro do carro. O pai e mãe estão todos ensanguentados e parecem mortos. A menina está com apenas algumas escoriações e uma mordida na pedra. Ele começa a sentir cheiro de algo queimando. Rapidamente retira a Helen do carro e levando-a para longe. E quando está voltando para tirar os pais dela, o carro explode.
- Onde estou? – acorda Helen desorientada.
Helen está deitada em uma cama dura de palha. O teto também é de palha e as paredes são de barro. O silêncio é interrompido apenas pelo medo que vem à sua cabeça. Um rapaz espreitasse para vê-la, ela ainda está sem completa consciência. O rapaz vê Helen tentando sair da cama, mas por causa do ferimento na perna ela cai no chão.
- Segura em mim. – diz o rapaz, ajudando-a levantar.
- Obrigada. – diz Helen sentindo muita dor – Quem é você?
- Meu nome é Samuel. Meu pai salvou você.
- Cadê meus pais? – desespera-se Helen.
- Não sei, ele disse que achou você perto da estrada.
- Eu quero meus pais, onde estão meus pais?
Helen começa a chorar. Ao ouvir o choro dela o pai de Samuel entra na casa.
- Menina branca...
- Onde estão meus pais? Me diz.
- ... O carro explodiu.
O choro de Helen tomou conta da casa, Samuel olhava sem entender o que estava acontecendo, mas sentindo que aquela menina sofria. O pai dele só a olhava. Seguiu-se assim até ela adormecer.
Bruscamente entram dois homens, também negros, na casa do pai de Samuel dizendo:
- Cadê a menina branca?
- Você não vai levá-la. – diz o pai de Samuel.
- O que está acontecendo? – diz Helen acordando assustada.
- Você sabe que ela não deve estar aqui! – grita o outro homem.
- Nós não aceitamos esse tipo de gente aqui. – fala um dos homens – Eles devem ficar longe da aldeia.
- Ela é só uma criança. – o pai de Samuel se põe na frente de Helen.
- Hoje é só uma criança – diz um dos homens – e amanhã? E outra. Depois vão vir atrás dela.
- Ela é só uma criança, não vou deixar vocês fazerem mal a uma criança.
- Você vai ter que se explicar para o chefe.
Os dois homens saem da casa. Helen permanece quieta.
- Ela vai ter que ir embora? – pergunta Samuel.
- Não, Samuel. Ela não tem casa.
Passado algum tempo o chefe da aldeia mandou chamar o pai de Samuel. Ele se dirigiu até a casa do chefe e levou Helen consigo.
- Você sabe que as regras impedem que tenhamos brancos entre a gente. – diz o chefe – Por que você trouxe ela aqui?
- Desculpa. – de cabeça baixa diz o pai de Samuel – Eu sei as regras. E não quero quebrar elas.
- E então o que ela está fazendo aqui. – e aponta para Helen.
Helen assustada esconde-se atrás do pai de Samuel.
- Não... Não faz nada com ela. Os pais dela morreram. O carro virou na estrada e explodiu. Ela ia morrer e eu peguei ela antes do que as feras do deserto.
- A menina branca precisa ir embora! – o chefe da aldeia começa a ficar nervoso.
- Deixa ela ficar até estar recuperada.
- O que vai acontecer quando eles vierem atrás da menina branca?
- Nós devolvemos ela. Eu cuido dela.
- Você sabe quais são as regras. – diz o chefe.
- Eu sei, me perdoe. Eu vou cuidar dela.
- Se você quer cuidar dela, pode cuidar. Mas só até ela se recuperar.
Eles saem dali desorientados. O pai de Samuel fica preocupado com Helen. Ao chegar em casa:
- O que aconteceu, pai? – pergunta o jovem Samuel.
Escurece o dia na aldeia. Após o jantar os habitantes de lá se reúnem em volta de uma grande fogueira para dançar e cantar músicas rítmicas bem diferentes dos hinos que a pequena Helen está acostumada a ouvir.
As pessoas cochicham entre si olhando para a menina Helen. Todos estão incomodados com sua presença. Passando perto dela está uma mulher que ao passar finge que tropeça e derrama uma espécie de sopa nela. Por sorte a sopa não estava quente o suficiente para queimá-la, mas ficou toda encharcada de sopa. Helen correu para casa do pai de Samuel, Samuel foi atrás.
Samuel a encontrou chorando. Pegando um pano limpo, umedeceu-o e ajudou-a se limpar.
- Não chora. Vai passar.
- Eu quero meus pais. – diz em lágrimas Helen.
No outro dia o chefe manda chamar a pequena Helen para uma conversa.
- Menina branca! – diz o chefe olhando para Helen – Onde você mora?
- Eu moro... – balbuciando, Helen diz – eu moro em Boêria.
- Não sei onde fica isso. – diz o chefe – Você têm ancestrais?
- O que são ancestrais?
- É da onde você veio às pessoas que tomam conta de você e diz o que tem que fazer.
- É uma família? – pergunta a inocente Helen.
- Eu não sei. O que significa família?
- São aqueles que agente ama. Como meu pai, minha mãe e meus avós.
- Ama? – o olhar do chefe se intriga – O que é amar?
- Amar é amar.
Após uma pausa para a reflexão, o chefe dá o seu veredito.
- Um problema só que você nos trouxer, eu mando jogá-la para as feras do deserto. Agora vá!
Na casa do pai de Samuel, Helen se sente perdida e sem rumo:
- E agora, o que vai acontecer? – pergunta Helen.
- Vou cuidar de você, menina branca. – diz o pai de Samuel.
- Eu quero ir com minha família. Eu quero voltar para casa.
- Onde você mora?
- Em Boêria.
- Onde fica isso? – pergunta-lhe o pai de Samuel.
- Eu não sei.
A dura realidade chegou bem cedo para a jovem Helen. A menina que era amada e bem cuidada, que conviveu com pessoas iguais a ela, agora se sente sozinha e perdida.
- Veja menina branca. – diz o pai de Samuel – isso foi a única coisa que consegui pegar além de você.
A única coisa que sobrou da família de Helen foi a bíblia deles. Aquele foi mais um longo dia para uma menina tão pequena.
Quem está em cima do carro é um homem alto e negro. Ele demonstra grande fúria para espantar os animais. Seu grito é forte e assustador. Assim que os animais se afastam, ele agacha e vê a situação dos que estão dentro do carro. O pai e mãe estão todos ensanguentados e parecem mortos. A menina está com apenas algumas escoriações e uma mordida na pedra. Ele começa a sentir cheiro de algo queimando. Rapidamente retira a Helen do carro e levando-a para longe. E quando está voltando para tirar os pais dela, o carro explode.
- Onde estou? – acorda Helen desorientada.
Helen está deitada em uma cama dura de palha. O teto também é de palha e as paredes são de barro. O silêncio é interrompido apenas pelo medo que vem à sua cabeça. Um rapaz espreitasse para vê-la, ela ainda está sem completa consciência. O rapaz vê Helen tentando sair da cama, mas por causa do ferimento na perna ela cai no chão.
- Segura em mim. – diz o rapaz, ajudando-a levantar.
- Obrigada. – diz Helen sentindo muita dor – Quem é você?
- Meu nome é Samuel. Meu pai salvou você.
- Cadê meus pais? – desespera-se Helen.
- Não sei, ele disse que achou você perto da estrada.
- Eu quero meus pais, onde estão meus pais?
Helen começa a chorar. Ao ouvir o choro dela o pai de Samuel entra na casa.
- Menina branca...
- Onde estão meus pais? Me diz.
- ... O carro explodiu.
O choro de Helen tomou conta da casa, Samuel olhava sem entender o que estava acontecendo, mas sentindo que aquela menina sofria. O pai dele só a olhava. Seguiu-se assim até ela adormecer.
Bruscamente entram dois homens, também negros, na casa do pai de Samuel dizendo:
- Cadê a menina branca?
- Você não vai levá-la. – diz o pai de Samuel.
- O que está acontecendo? – diz Helen acordando assustada.
- Você sabe que ela não deve estar aqui! – grita o outro homem.
- Nós não aceitamos esse tipo de gente aqui. – fala um dos homens – Eles devem ficar longe da aldeia.
- Ela é só uma criança. – o pai de Samuel se põe na frente de Helen.
- Hoje é só uma criança – diz um dos homens – e amanhã? E outra. Depois vão vir atrás dela.
- Ela é só uma criança, não vou deixar vocês fazerem mal a uma criança.
- Você vai ter que se explicar para o chefe.
Os dois homens saem da casa. Helen permanece quieta.
- Ela vai ter que ir embora? – pergunta Samuel.
- Não, Samuel. Ela não tem casa.
Passado algum tempo o chefe da aldeia mandou chamar o pai de Samuel. Ele se dirigiu até a casa do chefe e levou Helen consigo.
- Você sabe que as regras impedem que tenhamos brancos entre a gente. – diz o chefe – Por que você trouxe ela aqui?
- Desculpa. – de cabeça baixa diz o pai de Samuel – Eu sei as regras. E não quero quebrar elas.
- E então o que ela está fazendo aqui. – e aponta para Helen.
Helen assustada esconde-se atrás do pai de Samuel.
- Não... Não faz nada com ela. Os pais dela morreram. O carro virou na estrada e explodiu. Ela ia morrer e eu peguei ela antes do que as feras do deserto.
- A menina branca precisa ir embora! – o chefe da aldeia começa a ficar nervoso.
- Deixa ela ficar até estar recuperada.
- O que vai acontecer quando eles vierem atrás da menina branca?
- Nós devolvemos ela. Eu cuido dela.
- Você sabe quais são as regras. – diz o chefe.
- Eu sei, me perdoe. Eu vou cuidar dela.
- Se você quer cuidar dela, pode cuidar. Mas só até ela se recuperar.
Eles saem dali desorientados. O pai de Samuel fica preocupado com Helen. Ao chegar em casa:
- O que aconteceu, pai? – pergunta o jovem Samuel.
Escurece o dia na aldeia. Após o jantar os habitantes de lá se reúnem em volta de uma grande fogueira para dançar e cantar músicas rítmicas bem diferentes dos hinos que a pequena Helen está acostumada a ouvir.
As pessoas cochicham entre si olhando para a menina Helen. Todos estão incomodados com sua presença. Passando perto dela está uma mulher que ao passar finge que tropeça e derrama uma espécie de sopa nela. Por sorte a sopa não estava quente o suficiente para queimá-la, mas ficou toda encharcada de sopa. Helen correu para casa do pai de Samuel, Samuel foi atrás.
Samuel a encontrou chorando. Pegando um pano limpo, umedeceu-o e ajudou-a se limpar.
- Não chora. Vai passar.
- Eu quero meus pais. – diz em lágrimas Helen.
No outro dia o chefe manda chamar a pequena Helen para uma conversa.
- Menina branca! – diz o chefe olhando para Helen – Onde você mora?
- Eu moro... – balbuciando, Helen diz – eu moro em Boêria.
- Não sei onde fica isso. – diz o chefe – Você têm ancestrais?
- O que são ancestrais?
- É da onde você veio às pessoas que tomam conta de você e diz o que tem que fazer.
- É uma família? – pergunta a inocente Helen.
- Eu não sei. O que significa família?
- São aqueles que agente ama. Como meu pai, minha mãe e meus avós.
- Ama? – o olhar do chefe se intriga – O que é amar?
- Amar é amar.
Após uma pausa para a reflexão, o chefe dá o seu veredito.
- Um problema só que você nos trouxer, eu mando jogá-la para as feras do deserto. Agora vá!
Na casa do pai de Samuel, Helen se sente perdida e sem rumo:
- E agora, o que vai acontecer? – pergunta Helen.
- Vou cuidar de você, menina branca. – diz o pai de Samuel.
- Eu quero ir com minha família. Eu quero voltar para casa.
- Onde você mora?
- Em Boêria.
- Onde fica isso? – pergunta-lhe o pai de Samuel.
- Eu não sei.
A dura realidade chegou bem cedo para a jovem Helen. A menina que era amada e bem cuidada, que conviveu com pessoas iguais a ela, agora se sente sozinha e perdida.
- Veja menina branca. – diz o pai de Samuel – isso foi a única coisa que consegui pegar além de você.
A única coisa que sobrou da família de Helen foi a bíblia deles. Aquele foi mais um longo dia para uma menina tão pequena.
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