A História de Andino - 1º ATO (parte 3)

A cidade de Matenhóris é um importante ponto de defesa do reinado contra invasões do norte. Por isso é lá onde ficam os arsenais de guerra das tropas reais.
Polombo é um homem que sempre se esforçou para obter poder. É filho de um importante burguês daquele reinado. Sua ganância o levou a juntar seus recursos para fazer uma investida contra o rei, a fim de tirá-lo do trono e assumir em seu lugar. Laerte é um burguês local, formador de opinião e também braço direito de Polombo na cidade.
Na praça central de Matenhóris Polombo, Laerte, o Prefeito da cidade e quase todos os moradores da cidade se reuniram a pedido de Polombo. A reunião seria para instigar o coração dos moradores da cidade contra o rei. Polombo preocupado diz a Laerte:


Polombo – Onde está o bastardo?
Laerte – Isso não importa! A questão é que assim que tiverem a cabeça de seu mensageiro na mão, marcharão contra nós.
Polombo – Lutemos então. Temos a chance de nos tornarmos livres, sem rei. Não suaremos mais para regar a horta real. Hasteiem a bandeira da liberdade. Formaremos uma nação livre e um conselho para dirigir os interesses comuns, nada mais e o povo decidirá quem os liderará.

Ao saber que seu mensageiro voltou morto, o rei mandou uma tropa para tomar aquela cidade. Um camponês da cidade de Matenhóris vendo a tropa real marchando rumo a sua cidade se apressou para avisar o povo. E enquanto reunidos na praça da cidade ele chegou:

Camponês – Cavalheiros peço à atenção de todos.
Polombo – Se prometerdes fazer bom uso dessa interrupção, a minha plena atenção terás.
Camponês – Venho de longe! Do sul para ser preciso. Fui fazer uma cobrança em uma cidade ao longo daqui, quando me vi pronto para partir, ouvi que tropas reais marcham em nossa direção. Verifiquei e a informação estava correta. Resolvi então vir correndo avisar vocês. (tumulto)
O povo sentiu medo das fortes tropas do rei e um grande alvoroço se instaurou.

Polombo – Acalmem-se, deixem-no falar. Em quantos dias estarão aqui?
Camponês – Três, pelo que vi.

Enquanto o povo se alvoroçava, chega à praça Ikko Habnool. Polombo se dirige a ele:

Polombo – Onde estavas? Isso daqui está um caos.
Ikko – Eu ouvi o que diziam.
Polombo – Nesse instante precisamos de todos os fortes homens. Estão todos temendo a marcha real.
Laerte – O que faremos agora, Polombo?
Ikko – Eu direi o que faremos.

Ikko adianta-se a lugar alto e pedindo a atenção do povo fala:

Ikko – Eis que devo inquirir-vos. Dizer palavras que desatem suas correntes. Supuseras-vos que no fundo de nossas reles delinqüências deturparíamos a milícia que tomou as terras de nossa herança? Não, não supuseram. Mas o fizemos. Passas-te em vossos pensamentos que algum dia terreno teríamos tanto arsenal para guerrearmos, sendo assim estando a revolta mais bem armada de toda a terra? Digo-vos que não, não passaste por vossas mentes. Agora estamos nós aqui, dentro de uma utopia revolucionária. Não obstante temem ainda a opressão causada por aqueles que extorquiram nossas terras. Nas escadas ao Olimpo já nos encontramos. Agora aos Senhores de vossas crenças devem rogar. Mais que isso! Roguem a vós mesmos, a fim de obter o entendimento de que o ponto de partida já se confunde com a névoa e ficara para traz.
Outro civil – Mas eles nos matarão!
Ikko – Deles essa é a intenção. Queria vós entregar a cabeça do padeiro a sua mulher e reclamar pão?
Camponês – Podemos negociar.
Polombo – E perder a chance de sermos livres? Entregar a eles toda nossa sorte? E abrir mão de um estado independente, sendo assim ser controlado pela Vossa Majestade, o Rei e não dar poder ao povo?
Camponeses – Ele está certo! Poder para o povo! Abaixo ao rei! Liberdade!

Após grande alvoroço entusiasta Ikko fecha seu discurso com as seguintes palavras:

Ikko – Oh povo que sois escolhidos por si mesmos e que escolhem a própria sorte, não viveremos a mercê da ilusão imposta. Os tiranos tacham-se de justos por dizer exercer a soberania sem fazer mau uso dela, porém apenas o fato de haver uma tirania já é uma corda propulsora para nossos arcos. Igualdade! Ninguém será mais do que o outro. As armas nos chamam. Adiante com a preparação diante a eminência de guerra. Pois a vitória nos aguarda!

As tropas reais chegam após alguns dias. No campo a céu aberto 2.500 soldados na tropa real, comandados por Jadeão. 1.000 camponeses armados, comandados por Polombo e Laerte.
A tropa de Polombo e Laerte é feita dos próprios moradores da cidade. São camponeses, comerciantes, jovens e todos aqueles homens que pudessem pegar em uma arma de guerra. Estando em frente ao povo Polombo faz um discurso de guerra.

Polombo – Estamos prontos para encarar a morte e rir da cara dela, não por deboche e sim por sutileza. A morte, com seus trajes reais, assoberba-se por seu grande número, diz também sobre seus treinamentos e honra, mas... Há honra maior em lutar por um povo justo? Digo-vos, a corte beberá vinho essa noite, que será seu próprio sangue.

O povo se inflama. Larte avistando Jadeão fala a Polombo e a Ikko.

Laerte – Vejam! Vem a nós o próprio capitão para que negociemos, vamos e cumpramos nosso papel.
Ikko – Vamos!

Eles cavalgam até Jadeão. Polombo já raivoso chega dizendo:

Polombo – Dou-lhes apenas uma chance de saírem vivos daqui.
Jadeão – Falas por quem?
Polombo – Pela revolução.

Olhando para Laerte, Jadeão pergunta:

Jadeão – E tu?
Laerte – Pelo povo.

Polombo e Laerte eram conhecidos de Jadeão. Mas ao ver Ikko, trajado com roupas estranhas, ficou interessado em saber que ele era.

Jadeão – E tu, lutas pelo que?
Ikko – ...
Jadeão – Não falas? És mudo?
Polombo – Cala-te! Decida-se logo, viverás ou morrerás?
Jadeão – Vim aqui para negociar.
Ikko – Toda essa gente que trouxeste são mercadores?
Jadeão – Queremos restabelecer a ordem e o faremos. O sangue dos justos não será derrubado, a fim de preservar a nação. Não obstante, venho a vós pela ordem de um rei justo, para que negociemos e estabeleçamos paz na terra.
Polombo – Paz ? Como pode querer paz se suas atitudes são contra ela.
Laerte – O que está disposto a nos dar?
Jadeão – O que reivindicam?

Erguendo a espada Polombo grita:

Polombo – A Liberdade!
Jadeão – Pois bem, com a autoridade a mim concebida pelo rei, portanto pela autoridade real, declaro-te livre, Polombo. Podes ir.

Laerte preocupado com o povo diz:

Laerte – Terras foram-nos tomadas e no lugar de cenouras, armas plantadas.
Jadeão – Com toda essa manifestação o rei estabelecerá novos ares, longe de áreas produtivas onde serão depositadas nossas defesas contra o norte.
Ikko – Com um simples gesto de “passa-te daqui para lá”, achaste tu que entregaremos nossas armas? Pois se achaste, digo-te que não nos renderemos, lutaremos até a morte.
Jadeão – Sei que não é o bastante. Por essa razão trouxemos animais de todas as espécies, aos montes e também sementes de toda a sorte, aos montes. Oh justiceiro Laerte, terão o que cultivar e trarão novamente a prosperidade a essa terra. Enquanto tu Polombo, sei que não és daqui, não és dessa gente, tão pouco igual a eles, volte para tuas terras, às terras de tua herança e não incite mais a ira do povo, não seja mais um que vive de outros e um que não possuis nada. E você, jovem, tuas roupas denunciam que não és agricultor, tão pouco como dessa região. Achas mesmo que sofre pelo povo? És um bebê que não deves ter calos na mão, passa-te daqui, encontre tua mãe que choras de infelicidade por ter tido um filho que traz vergonha a ela.

Ikko enfurece-se e avança contra Jadeão com uma espada. Mas é rendido pelos dois soldados que estão com Jadeão e desmaia ao ser golpeado. Ao chamar Laerte para regressar ao exército e lutar, Laerte recusa-se.

Laerte – Não guerrearemos Polombo.
Polombo – Como assim?
Laerte – Temos o que queríamos, nossas terras de volta, a paz diante do rei.
Polombo – E a liberdade?
Laerte – Já tendes a sua, pegue-a e vá embora.
Polombo – Traidor! Pela revolução!

Polombo avança contra Laerte empunhando uma espada, mas é ferido por Laerte e morre.

Jadeão – O que faço com esse? – diz apontando para Ikko.
Laerte – Leve-o. Não queremos mais forasteiros aqui, só nos trazem problemas.
Jadeão – Que a paz volte a reinar e o povo volte a suar ao lado do rei. Terão o que reivindicaram que é de vós por direito.

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