A História de Andino - 4º ATO (parte 1)

Capítulo 4 – O convite

Muito me interessa a humanidade e seus sentimentos. Mais até do que seus afazeres. Os seres chamados humanos agem de acordo principalmente com seus prazeres, mas o âmago de seu ser não é tão egoísta a ponto de pensarmos que sua essência é má.

Má é a naturalidade do ser, sim a natureza. Natureza e essência são duas coisas distintas em sua beleza. A natureza brilha aos olhos de quem vê, é regida por leis como da procriação e do arbítrio. Leis que limitam o homem a fazer aquilo que é imprescindível à vontade divina e outra que dá ao homem a sua própria escolha de fazer o que quer.
Já a essência é invisível aos olhos. Não se vê aparente em uma forma existente, mas sim quando se olha para o coração. É a imortalidade do espírito que sempre existiu em outras esferas e continuará a existir para todo o sempre.
Vários anos se passaram até eu descobrir que sentia a essência dos seres em sua originalidade, talvez não tão profundo assim, mas conseguia sentir as pessoas ao meu redor de forma inusitada.
Eu estava com os olhos fechados, mas não conseguia dormir. Fiquei horas na cama imaginando coisas, por fim adormeci.
Tive um sonho gostoso, eu estava em uma área verde dentro da cidade, abri os braços, usei um tipo de força para manipular outra força e levantei vôo. A sensação de voar é incrível, a liberdade traz um prazer tão puro. Lembrei-me que deveria acordar por algum motivo.
Já não era tão cedo assim, tomei um bom banho e acordei. Fiz o esperado desejum e saí. Saí para andar e inspirar-me para escrever. Decidi ir à praça central da cidade de Kokulti.
Aquela cidade me trazia lembranças de infância, coisas que já não mais se repetiriam.

Andino – Luz da minha vida e que me dá gosto de viver. Onde você tem andado, sinto a falta de você.

Muito tempo atrás eu não sabia nem dizer. Inda sim tenho medo de sofrer. Não posso ficar assim tão longe de você. Há muitos sons que ecoam e não são palavras. Ainda sim entendo você, sem você dizer nada.
Muita falta me faz você. Aquele teu colo tão gostoso. E que sempre me deu gosto.
Quem me dá a minha luz? Um dia de paixão? E um dia de dor? Rosto seu, lindo assim. Indo e vindo à minha mente. Dizendo sobre quem me deu a minha luz. Amor seu, aquele que me conduz.
O amarganta veio subitamente, é aquela dor viva que tentamos evitar expor e sobe de dentro de nós até a garganta, então lá a reprimimos para não ir até a boca. O início das fases me mascarou ao ponto de eu me sentir totalmente nu, debaixo da fantasia que se implantou.
Passa de uma pra outra, passa de fase pra goma. Brincando de vir à tona, tonalizou.
Então veio o marco, necessário se fez o fato e a euforia acabou.
Atirei-me na mais profunda das alegrias cheio de cravos e espinhas. Pensando, quem é que me curou?
Apesar de estar envolto na redoma calorosa, pura e cheio de somas, o frio novamente minha vida congelou.
Sofri, sofro e dói. Agora a euforia eu quero resgatar, sei que ela ainda virá. Trazendo não sei o que, até não sei quando. Assim vou sei lá.
A pergunta esperançosa ficará: Por onde anda você doutora?
Andando avistei uma criança e ela é exatamente aquilo que eu vejo. Sem medos, sem barreiras, enfim... uma criança. Maria é seu nome. Uma criança tão pura. Seus olhos tão intrigantes e inocentes me vidraram. Naquela tristeza sentida foi como um conforto enorme a minha alma.
Mais eu ria quando a via com olhos de universo.

Andino – Olha-me a pura Maria.

Em mim causou enleasso soprando para longe em ondas, onde esfriam vagarosos. Mas eu ria quando a via com sorriso inocente.

Andino – Alegra-me pura Maria.

Deste branco estridente ativiou o agito. Toque medo do sorriso. Mas eu ria quando a via. Salva-me, pois, sorria... sorria. Alegrou-me a pura Maria.
O universo do seu sorriso inocente me fortaleceu.

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