A História de Andino - 3º ATO (parte 2)
Caminho ao redor do mundo. Ele gira e eu tropeço, ele chacoalha e despenca uma rocha, a rocha desce. Foi em direção mar, o mar agitou e a onda se formou. O náufrago perdido sem vento, pela onda foi sacudido e levado até a praia. O naufrágio fez plantar uma árvore que deu frutos e serviu de ganha pão. Aquele fruto alimentou uma mulher que gerou um fruto que é hoje o meu “bem me quer”.
Em um momento mágico no palco a pétala é uma garota qualquer que se fantasia de menina por ser princesa e estar sem seu príncipe. Deslizando no doce e único momento eu me sinto feliz. Sinto-me unicamente amado, confortado. A segurança do mais puro dos sentimentos é a certeza em forma de seu olhar. A certeza do eterno me bate e conforta-me ao mesmo tempo.
Confissões expelem raios luminosos em nossos sorrisos. A iluminação é mais que aparente. Um momento se torna todo o momento!
Caminhando partimos à chuva para nunca mais parar. Sem querer chegar, apenas estar. Naquele instante no mundo algo aconteceu, uma transformação maior do que um novo reinado potente, mais estrondoso do que uma guerra, tão verdadeiro como a Água. Um caminho se fez de cena. O único lugar no mundo onde se poderia ver aquela felicidade era ali, naquele palco bordado a fé. Todos almejavam caminhar sobre aquelas pedras e o principal, todos queriam ter aquela rua.
Mas não terão, é dela. Entramos nela, chovia calmamente, apenas para nos brindar. Os pingos d’água caíram sobre o seu corpo. Nós dois ali na chuva amiga molhando os cabelos dela nos meus. A chuva caia:
Andino – O que importa?
Ali dei outro presente para ela: o tempo. Que era diferente do tempo em que vivemos. Esse era o nosso tempo. Magicamente com um sorriso olhando em meus olhos ela parou o tempo, o nosso tempo, tivemos todo tempo! Ficamos em nossa rua, a Rua Sem Tempo. O mundo estava respeitosamente pausado.
A noite foi algo que nos incomodou – abolimo-la. Não existia mais noite em nosso tempo. Mudamos as regras.
Andino – O que é um dia? Para nós é um ano.
Nunca amei tanto como neste ano. O amanhã é o nunca, o hoje é o para sempre. Não acabou, aliviamo-nos na chuva o resquício de regra que existia.
A noite que não existe perpetuou-se quando me levantei de manhã. Abri os olhos e é verdade, está aqui. O sonho que sonhei e desejei, o mesmo que minuciosamente tracei no caminho da Lua à minha cama de fato ocorreu.
Não obstante não abolimos o relógio. E certo dia eu perguntei a garota:
Andino – Oi! Quem é você? Quer me conhecer?
A minha vaidade não quer um amor de mentira e não quero um amor pra me distrair! Importo-me se você não sorri e me importo se você não existir.
Levo bem mais que algumas horas para contar os minutos perdidos e em um desses minutos estamos nós. Emparedados, circulando contra o tempo no grande relógio da vida, saltando a cada minuto para não sermos atingidos. Para não cairmos do alto do nosso tempo perdido.
Eu olho pro lado e não vejo você e eu. Na verdade acho que nunca houve nós, assim. Mulher de sonho, fantasia minha, aconteceu. Falso eu, enganando a mim. Melhor seria me apegar ao Eu.
Élle... Linda Rapunzel que é flor da janela. Minha querida e bela, meu doce e meu mel.
Minha ida de manhã e minha volta à noite. Ouçam meus açoites paredes de lã.
Minha minha, não é minha. Como paredes tão oblíquas me deixam tão quadrado? Não tenho reino, mas sou amável.
Serei eu príncipe e mesmo rei nas noites em que contigo sonharei. Dar-te-ei o meu reino e tudo mais que tenho.
Minha minha, não é minha. Como paredes tão oblíquas deixam-me tão quadrado? Não tenho reino, mas sou amável.
Donzela pura, divinal digna de um paraíso celestial. Por ti, meu coração se abala. Oh! Minha amada.
Tento recomeçar a minha vida. Aproximei-me de meu pai e com ele fui trabalhar. Subi mais alto que uma montanha. Não dei o desgosto aos outros de pular, porém subi mais alto.
A vingança irá tardar, espero que não saia, mas a paciência insiste em naufragar. Perdida ela vai embora desiludida.
Peguei a isca e cai no jogo dele. Dentro de mim arde a raiva insana, o motivo seria até justo se eu não conhecesse alguém que passou por muito mais.
O limite superado a cada dia não é o suficiente. Estagnado eu não mais sorria, o problema é o de não superar. Pois ter limites, para ele, vira o mesmo que falhar.
A tentativa de me reaproximar da minha vida de menino não deu certo. Eu já não sabia mais quem eram os meus pais e eles não me conheciam mais. Meu pai virou um alfaiate bêbado sem futuro. Minha mãe sumiu quando descobriu estar sendo traída por ele.
Cheio de tropeços foi meu recomeço, apesar de estar meio a uma sociedade que professava santidade e irmandade, a solidão ainda era constante aliada. Então com uma inspiração divina surge a obra de minha vida. O Toque:
A noite, como todas elas são escuras/
Essa como algumas outras está densa/
No quarto vazio e sem luz apenas uma cama/
Vejo a porta ao longo do quarto, meio afastada/
Ao meu lado a janela molhada, que subitamente recebeu um toque/
Os clarões vez e outra eram atirados como facas/
Como no circo, gira-me de cabeça para baixo essa luz que me tonteia/
Sentado na cama espero um grito súbito a me amedrontar/
O pior está acontecendo, o silêncio faz minha mente calar/
De repente, como um pingo do nada, da janela vem um toque/
No alto no teto o buraco para uma lâmpada/
Do hospício certo é que saiu a cama/
Mantenho minha cabeça meio baixa/
A fim de ver apenas a madeira pálida do chão, às vezes sobreposta por uma sombra/
Em minha mente estala o som, é um toque/
Como que se alguém caminhasse no corredor e eu sem ver a porta/
Não há lá nenhuma! Apenas vejo a parede morta/
Ah sim, a chuva! Ela me incomoda/
É forte às vezes faz barulhos e assobia/
Mas também é sobreposta ininterruptamente por um toque/
Maldito toque! O assobio a falta da porta/
O chão morto, a falta de lâmpada/
Mesmo a maca tirada do hospício não é nada/
Ao compasso perfeitamente marcado nada se compara/
Lá vem de novo, mais um toque/
Não me leve a mal leitora/
O frio é congelador e imagine o escuro da madrugada/
Sem luz e pelos trovões a noite é iluminada/
Pense na minha visão meio que do chão pegando meia porta/
Lá vem de novo na mente, agora no dois, um toque/
Penso na época de verão em que eu poderia.../
Agora me lembrando do sol, vejo como essa noite é temida/
Como dizia, no verão esse galho eu quebraria/
É noite e ele bate, eu apenas podendo fazer nada/
Cotidianamente bate o galho, mais um toque/
Mas nem é tão importante assim revelar, creio que alanvancou um sentimento de admirar, só que não o deixei de lado porque doei o poema ao baú sombrio sem importância.
Trabalhei incessantemente com meu pai, na alfaiataria sei que não cresceria. O que me fazia lembrar que sempre deveria sair da mente e ir ao chão com olhos na direção que escrevo.
Nunca fui e não vou, um prato de comida não sou. Morro a cada dia, mas morro pelo suor, porque quem morre de fome é o amor.
Agregado com a morte eu estou, sendo o que quero, mas não sendo o que sou. Por isso mais uma vez me vou.
Acordo cedo e vou ao banheiro, sento-me ao lado do chuveiro falando um dia que me vou.
Peguei a carta e com ninguém que sou um grande e belo poema escrevi. Falei que não sei o que ser, só fui aonde vou.
Sento-me ao meu lado e corrijo algumas provas. Provas de que não sou apenas mais um, aí é que vem o porém:
Andino – Olha lá... o porém chegou!
E disse que veio me buscar me tirando do “mais um” e em mim ele irá arriscar. E eu disse:
Andino – Calma aí Porém. Estou indo, mas vou devagar. Não tenho pressa de no topo chegar.
Precisei de um pouco de empenho para conseguir deixar a alfaiataria, que trazia aquele sentimento de segurança, mesmo que não me satisfazia por completo. Decidi seguir minha essência de pensador e ganhar a vida escrevendo.
Em um momento mágico no palco a pétala é uma garota qualquer que se fantasia de menina por ser princesa e estar sem seu príncipe. Deslizando no doce e único momento eu me sinto feliz. Sinto-me unicamente amado, confortado. A segurança do mais puro dos sentimentos é a certeza em forma de seu olhar. A certeza do eterno me bate e conforta-me ao mesmo tempo.
Confissões expelem raios luminosos em nossos sorrisos. A iluminação é mais que aparente. Um momento se torna todo o momento!
Caminhando partimos à chuva para nunca mais parar. Sem querer chegar, apenas estar. Naquele instante no mundo algo aconteceu, uma transformação maior do que um novo reinado potente, mais estrondoso do que uma guerra, tão verdadeiro como a Água. Um caminho se fez de cena. O único lugar no mundo onde se poderia ver aquela felicidade era ali, naquele palco bordado a fé. Todos almejavam caminhar sobre aquelas pedras e o principal, todos queriam ter aquela rua.
Mas não terão, é dela. Entramos nela, chovia calmamente, apenas para nos brindar. Os pingos d’água caíram sobre o seu corpo. Nós dois ali na chuva amiga molhando os cabelos dela nos meus. A chuva caia:
Andino – O que importa?
Ali dei outro presente para ela: o tempo. Que era diferente do tempo em que vivemos. Esse era o nosso tempo. Magicamente com um sorriso olhando em meus olhos ela parou o tempo, o nosso tempo, tivemos todo tempo! Ficamos em nossa rua, a Rua Sem Tempo. O mundo estava respeitosamente pausado.
A noite foi algo que nos incomodou – abolimo-la. Não existia mais noite em nosso tempo. Mudamos as regras.
Andino – O que é um dia? Para nós é um ano.
Nunca amei tanto como neste ano. O amanhã é o nunca, o hoje é o para sempre. Não acabou, aliviamo-nos na chuva o resquício de regra que existia.
A noite que não existe perpetuou-se quando me levantei de manhã. Abri os olhos e é verdade, está aqui. O sonho que sonhei e desejei, o mesmo que minuciosamente tracei no caminho da Lua à minha cama de fato ocorreu.
Não obstante não abolimos o relógio. E certo dia eu perguntei a garota:
Andino – Oi! Quem é você? Quer me conhecer?
A minha vaidade não quer um amor de mentira e não quero um amor pra me distrair! Importo-me se você não sorri e me importo se você não existir.
Levo bem mais que algumas horas para contar os minutos perdidos e em um desses minutos estamos nós. Emparedados, circulando contra o tempo no grande relógio da vida, saltando a cada minuto para não sermos atingidos. Para não cairmos do alto do nosso tempo perdido.
Eu olho pro lado e não vejo você e eu. Na verdade acho que nunca houve nós, assim. Mulher de sonho, fantasia minha, aconteceu. Falso eu, enganando a mim. Melhor seria me apegar ao Eu.
Élle... Linda Rapunzel que é flor da janela. Minha querida e bela, meu doce e meu mel.
Minha ida de manhã e minha volta à noite. Ouçam meus açoites paredes de lã.
Minha minha, não é minha. Como paredes tão oblíquas me deixam tão quadrado? Não tenho reino, mas sou amável.
Serei eu príncipe e mesmo rei nas noites em que contigo sonharei. Dar-te-ei o meu reino e tudo mais que tenho.
Minha minha, não é minha. Como paredes tão oblíquas deixam-me tão quadrado? Não tenho reino, mas sou amável.
Donzela pura, divinal digna de um paraíso celestial. Por ti, meu coração se abala. Oh! Minha amada.
Tento recomeçar a minha vida. Aproximei-me de meu pai e com ele fui trabalhar. Subi mais alto que uma montanha. Não dei o desgosto aos outros de pular, porém subi mais alto.
A vingança irá tardar, espero que não saia, mas a paciência insiste em naufragar. Perdida ela vai embora desiludida.
Peguei a isca e cai no jogo dele. Dentro de mim arde a raiva insana, o motivo seria até justo se eu não conhecesse alguém que passou por muito mais.
O limite superado a cada dia não é o suficiente. Estagnado eu não mais sorria, o problema é o de não superar. Pois ter limites, para ele, vira o mesmo que falhar.
A tentativa de me reaproximar da minha vida de menino não deu certo. Eu já não sabia mais quem eram os meus pais e eles não me conheciam mais. Meu pai virou um alfaiate bêbado sem futuro. Minha mãe sumiu quando descobriu estar sendo traída por ele.
Cheio de tropeços foi meu recomeço, apesar de estar meio a uma sociedade que professava santidade e irmandade, a solidão ainda era constante aliada. Então com uma inspiração divina surge a obra de minha vida. O Toque:
A noite, como todas elas são escuras/
Essa como algumas outras está densa/
No quarto vazio e sem luz apenas uma cama/
Vejo a porta ao longo do quarto, meio afastada/
Ao meu lado a janela molhada, que subitamente recebeu um toque/
Os clarões vez e outra eram atirados como facas/
Como no circo, gira-me de cabeça para baixo essa luz que me tonteia/
Sentado na cama espero um grito súbito a me amedrontar/
O pior está acontecendo, o silêncio faz minha mente calar/
De repente, como um pingo do nada, da janela vem um toque/
No alto no teto o buraco para uma lâmpada/
Do hospício certo é que saiu a cama/
Mantenho minha cabeça meio baixa/
A fim de ver apenas a madeira pálida do chão, às vezes sobreposta por uma sombra/
Em minha mente estala o som, é um toque/
Como que se alguém caminhasse no corredor e eu sem ver a porta/
Não há lá nenhuma! Apenas vejo a parede morta/
Ah sim, a chuva! Ela me incomoda/
É forte às vezes faz barulhos e assobia/
Mas também é sobreposta ininterruptamente por um toque/
Maldito toque! O assobio a falta da porta/
O chão morto, a falta de lâmpada/
Mesmo a maca tirada do hospício não é nada/
Ao compasso perfeitamente marcado nada se compara/
Lá vem de novo, mais um toque/
Não me leve a mal leitora/
O frio é congelador e imagine o escuro da madrugada/
Sem luz e pelos trovões a noite é iluminada/
Pense na minha visão meio que do chão pegando meia porta/
Lá vem de novo na mente, agora no dois, um toque/
Penso na época de verão em que eu poderia.../
Agora me lembrando do sol, vejo como essa noite é temida/
Como dizia, no verão esse galho eu quebraria/
É noite e ele bate, eu apenas podendo fazer nada/
Cotidianamente bate o galho, mais um toque/
Mas nem é tão importante assim revelar, creio que alanvancou um sentimento de admirar, só que não o deixei de lado porque doei o poema ao baú sombrio sem importância.
Trabalhei incessantemente com meu pai, na alfaiataria sei que não cresceria. O que me fazia lembrar que sempre deveria sair da mente e ir ao chão com olhos na direção que escrevo.
Nunca fui e não vou, um prato de comida não sou. Morro a cada dia, mas morro pelo suor, porque quem morre de fome é o amor.
Agregado com a morte eu estou, sendo o que quero, mas não sendo o que sou. Por isso mais uma vez me vou.
Acordo cedo e vou ao banheiro, sento-me ao lado do chuveiro falando um dia que me vou.
Peguei a carta e com ninguém que sou um grande e belo poema escrevi. Falei que não sei o que ser, só fui aonde vou.
Sento-me ao meu lado e corrijo algumas provas. Provas de que não sou apenas mais um, aí é que vem o porém:
Andino – Olha lá... o porém chegou!
E disse que veio me buscar me tirando do “mais um” e em mim ele irá arriscar. E eu disse:
Andino – Calma aí Porém. Estou indo, mas vou devagar. Não tenho pressa de no topo chegar.
Precisei de um pouco de empenho para conseguir deixar a alfaiataria, que trazia aquele sentimento de segurança, mesmo que não me satisfazia por completo. Decidi seguir minha essência de pensador e ganhar a vida escrevendo.
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