Desprezível

Quando me dei conta eu me vi em meio às eternidades. Não estou lhe contando uma história figurativa e sim literal. Independente do que você acredita, você também está vivendo uma de muitas eternidades que já se passaram e que ainda passarão.
Aos poucos me acostumei, encontrei raríssimas pessoas que também haviam acordado no meio deste grande teste ao qual vivemos.
Extraterrestre, um deles se dizia.
Não havia como negar, não somos dessa Terra. Porém quando muito se deseja algo, se alcança. Então o imortal se tornou insano.
Muitos registros são loucos até termos consciência de sua veracidade. Porém não é minha intenção falar da veracidade de minha loucura e sim falar com quem é louco o suficiente para acreditar em mim.
Acordar pode ser mais duro do que você pensa, principalmente se você pediu para isso acontecer. Os dons, o conhecimento e o discernimento nessas horas te deixam louco. É nessa hora que você precisa de seu pai e de sua mãe. Nem sempre será possível eles estarem, então você procura um cônjuge, mas nem sempre esse cônjuge tem a mesma fé que você.
Então você canta até não fazer mais sentido, você pinta até não querer mais, você escreve até notar que suas esperanças estão depositadas em uma reclusão novamente insana.
A reclusão da qual falo é a prisão da falta de escolhas, não pelo pecado, mas pelo autocontrole. Nós somos os donos de nossas escolhas e quando escolhemos o caminho que nos prende e de repente estamos livres, como se nada tivesse acontecido, não por arrependimento ou por algum tipo de milagre ou justiça, apenas porque o mundo em que você vive não considera erro, falta ou crime o que você está fazendo.
Você olha para o seu lado e as pessoas estão sorrindo e te animando a continuar a se sentir livre, porém é impossível, nem mesmo Deus poderia me absolver dos crimes que Ele pediu para que não cometêssemos.
Não estou no céu e sim na Terra, essa avaliação já me fiz e percebi que é uma perda de tempo. Prefiro viver o que eu acredito, do que esperar para viver depois. O problema é que sou incapaz de viver o que acredito e assim me torno tudo aquilo que desprezo.
Eu sou o Desprezo do Andino. Eu sou seu Orgulho. Pois em meio as eternidades me vi grandioso e desejei-me, também me vi reduzido a pó, pequeno e senti pesar.
Não consigo guardar meu estado primário e aqui não desenvolvo um ciclo razoável para viver. Na verdade eu não quero e não tenho vontade de levantar do chão, consigo, porém não me contento.

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