A História de Samuel e Helen - parte 12
Samuel estava magro e fraco como nunca esteve. Na realidade ele não fazia ideia de quanto tempo havia estado no monte. Seu pai cuidou dele por alguns dias antes de enfrentar a viagem de volta à Boêria. No dia da partida, todos estavam ansiosos por ver Helen de volta e saudaram a partida de Samuel orando e cantando.
- Meu filho, boa sorte.
- Obrigado, pai.
- Samuel – diz o chefe da aldeia – Já estou velho e minha saúde está ruim. Como último desejo eu peço para você que traga Helen mais uma vez, para que eu possa olhar para aquela cara branca pela última vez nessa vida.
Samuel parte para sua jornada em uma busca por mais do que simplesmente um grande amor, uma busca que vai além da carnalidade, uma busca por uma pessoa que é mais do que uma menina branca, Samuel busca o símbolo da libertação do seu povo, um símbolo de amor e luta. Sua viagem demonstra o quanto aprendeu de Helen, que tanto lutou desde pequena.
Ele sai da aldeia determinado, caminha por várias horas, passa por várias cidades e no primeiro dia de viagem arma a sua tenda em um posto de beira de estrada. Durante a noite ele ouve passos chegando em sua direção, ao sair para ver o que era deu de frente com três homens negros:
- O que vocês querem? – perguntou Samuel.
- Queremos o seu dinheiro. – falou um dos homens.
- Eu não tenho dinheiro, se tivesse não estaria dormindo aqui.
- Tem sim, você está mentindo para a gente.
Os homens avançaram em Samuel, que correu largando toda a sua comida, roupas, tenda e tudo mais que levou consigo para essa jornada.
Ele caminhou ainda por vários dias até conseguir uma carona pela estrada. Um caminhoneiro o levou para os arredores da cidade de Boêria. É de noite quando ele desce do caminhão. O caminhoneiro segue viagem e Samuel se esconde em um canto da estrada, a fim de esperar a madrugada chegar. A movimentação ali naquele ponto da estrada é grande, muitos carros passando, os carros saem de Boêria, porém não vão muito longe na estrada, mas viram em uma estrada de terra para um lugar que aparentemente não há nada. Samuel decide ir ver o que tem lá.
Quando vai chegando perto ouve um barulho frenético, é música que está tocando. Há muitos jovens lá, eles estão dançando e bebendo. As mulheres dançam em cima dos homens e há muitas mulheres. Naquele instante se lembrou das pessoas de sua aldeia que também dançavam ao som de música, principalmente ao som da percussão, fazendo movimentos parecidos e girando. Entendeu portanto que não há diferença entre os brancos e negros, mas sim há diferença naquele que procura a fazer o que é correto e aquele que não procura o bem. E quando um povo não procura a praticar o bem, eles ficam irracionais, sem cultura e sem propósito. Mesmo aquelas civilizações que são consideradas o berço da humanidade e outras que são veneradas por seus desenhos nas paredes, sim, mesmo esses povos se tornaram assim por causa de sua iniquidade, então perderam toda a sabedoria e inteligência que lhe foram dadas. Samuel rapidamente sai dali, quando a madrugada chega, ele parte para a cidade.
Ao se aproximar da cidade, Samuel vê uma movimentação maior do que havia visto antes. Ele não sabe, mas o dia de hoje é sábado, dia em que as pessoas comumente costumam a sair de casa. E mesmo sendo madrugada, as ruas estão repletas, principalmente de jovens.
- Eu devo chegar até a igreja. De lá vou saber chegar na casa dos pais de Helen.
Ele espreitasse nas primeiras casas que encontra. Procura ir pelos cantos menos movimentados. Por sorte conseguiu ver a igreja antes de entrar na cidade, portanto sabe o rumo que deve pegar. Enquanto andava pelo quintal de uma casa, uma luz se acendeu e Samuel ouviu:
- Quem está aí? – gritou uma voz grossa.
Ele corre, tropeça no lixo e pula o muro da casa. Após várias adversidades Samuel chega à Igreja. Ele entra na mesma rua que entrou com Helen da última vez em que esteve ali. Após pequeno tempo de caminhada avistou a casa da família de Helen. Ao entrar pela porta da frente encontrou a casa vazia. Subiu as escadas e foi até um dos quartos, o que achou ser o de Helen. Quando entrou no quarto, encontrou o quarto vazio.
- E agora? O que vou fazer?
Samuel desce as escadas.
- Eu posso sair por aí gritando, as pessoas talvez me encontrem e... acho que isso não vai dar certo. Talvez se eu perguntar para alguém eu não seja espancado de novo... Já sei!
Então decide dormir por ali naquela noite. Mesmo no meio da noite o barulho de gente passando é frequente, mas vai diminuindo. Samuel não consegue dormir, está ansioso. Ele ouve um barulho de porta abrindo, como está no segundo andar da casa, resolve ficar lá mesmo, quieto. Ouve no corredor o cochicho, que parece vir de duas garotas. Algumas outras portas são abertas e risos são ouvidos. Então a porta do quarto de Helen, que é onde Samuel está, é aberta.
- Ah... – gritam as garotas.
Samuel assustado fica imóvel. As garotas correm. Ele está lá parado em seu canto e esperando o tempo passar. Alguns minutos depois, ouve-se os risos novamente, sãos as garotas que estão voltando para onde está Samuel. Elas abrem a porta, ele as olha desconfiado, elas dizem:
- Quem é você? Ou o que é você?
- Sou Samuel.
- Oi, Samuel. – diz as garotas, em meio a risos. – Viemos aqui te conhecer.
As garotas vão chegando perto de Samuel e ficam se insinuando para ele. Então ele se levanta e grita:
- Saiam daqui!
Assustadas elas correm. Ao amanhecer ele levanta, olha pela janela da casa e vê que a rua está vazia. Samuel sai da casa, com cuidado e vai até à igreja. Lá chegando avista a grande e espaçosa porta da igreja aberta. A congregação está toda reunida olhando para o pastor que prega. Aos poucos Samuel vai entrando pelo tapete vermelho, ele caminha assombrado com o interior da igreja. Quando seus olhos fitam a imagem de Jesus Cristo pregado na cruz ele sente grande pavor. Então de relance avista Helen, sentada em um banco no meio da congregação.
- Helen! – grita Samuel.
Helen vira o rosto e encara Samuel. Samuel abre um sorriso, enquanto ela está estática, sem reação.
Da frente da igreja o pastor fala, fora do microfone:
- Vejam, quem é aquele?
Então uma mulher se levanta e diz:
- Você não deveria estar aqui. – grita a mulher apontando para ele.
Então Samuel olha para a mulher e depois para todos ali e diz com voz de trovão:
- Vocês é que não deveriam estar aqui!
Todos se silenciam com olhares espantados.
- Meu filho, boa sorte.
- Obrigado, pai.
- Samuel – diz o chefe da aldeia – Já estou velho e minha saúde está ruim. Como último desejo eu peço para você que traga Helen mais uma vez, para que eu possa olhar para aquela cara branca pela última vez nessa vida.
Samuel parte para sua jornada em uma busca por mais do que simplesmente um grande amor, uma busca que vai além da carnalidade, uma busca por uma pessoa que é mais do que uma menina branca, Samuel busca o símbolo da libertação do seu povo, um símbolo de amor e luta. Sua viagem demonstra o quanto aprendeu de Helen, que tanto lutou desde pequena.
Ele sai da aldeia determinado, caminha por várias horas, passa por várias cidades e no primeiro dia de viagem arma a sua tenda em um posto de beira de estrada. Durante a noite ele ouve passos chegando em sua direção, ao sair para ver o que era deu de frente com três homens negros:
- O que vocês querem? – perguntou Samuel.
- Queremos o seu dinheiro. – falou um dos homens.
- Eu não tenho dinheiro, se tivesse não estaria dormindo aqui.
- Tem sim, você está mentindo para a gente.
Os homens avançaram em Samuel, que correu largando toda a sua comida, roupas, tenda e tudo mais que levou consigo para essa jornada.
Ele caminhou ainda por vários dias até conseguir uma carona pela estrada. Um caminhoneiro o levou para os arredores da cidade de Boêria. É de noite quando ele desce do caminhão. O caminhoneiro segue viagem e Samuel se esconde em um canto da estrada, a fim de esperar a madrugada chegar. A movimentação ali naquele ponto da estrada é grande, muitos carros passando, os carros saem de Boêria, porém não vão muito longe na estrada, mas viram em uma estrada de terra para um lugar que aparentemente não há nada. Samuel decide ir ver o que tem lá.
Quando vai chegando perto ouve um barulho frenético, é música que está tocando. Há muitos jovens lá, eles estão dançando e bebendo. As mulheres dançam em cima dos homens e há muitas mulheres. Naquele instante se lembrou das pessoas de sua aldeia que também dançavam ao som de música, principalmente ao som da percussão, fazendo movimentos parecidos e girando. Entendeu portanto que não há diferença entre os brancos e negros, mas sim há diferença naquele que procura a fazer o que é correto e aquele que não procura o bem. E quando um povo não procura a praticar o bem, eles ficam irracionais, sem cultura e sem propósito. Mesmo aquelas civilizações que são consideradas o berço da humanidade e outras que são veneradas por seus desenhos nas paredes, sim, mesmo esses povos se tornaram assim por causa de sua iniquidade, então perderam toda a sabedoria e inteligência que lhe foram dadas. Samuel rapidamente sai dali, quando a madrugada chega, ele parte para a cidade.
Ao se aproximar da cidade, Samuel vê uma movimentação maior do que havia visto antes. Ele não sabe, mas o dia de hoje é sábado, dia em que as pessoas comumente costumam a sair de casa. E mesmo sendo madrugada, as ruas estão repletas, principalmente de jovens.
- Eu devo chegar até a igreja. De lá vou saber chegar na casa dos pais de Helen.
Ele espreitasse nas primeiras casas que encontra. Procura ir pelos cantos menos movimentados. Por sorte conseguiu ver a igreja antes de entrar na cidade, portanto sabe o rumo que deve pegar. Enquanto andava pelo quintal de uma casa, uma luz se acendeu e Samuel ouviu:
- Quem está aí? – gritou uma voz grossa.
Ele corre, tropeça no lixo e pula o muro da casa. Após várias adversidades Samuel chega à Igreja. Ele entra na mesma rua que entrou com Helen da última vez em que esteve ali. Após pequeno tempo de caminhada avistou a casa da família de Helen. Ao entrar pela porta da frente encontrou a casa vazia. Subiu as escadas e foi até um dos quartos, o que achou ser o de Helen. Quando entrou no quarto, encontrou o quarto vazio.
- E agora? O que vou fazer?
Samuel desce as escadas.
- Eu posso sair por aí gritando, as pessoas talvez me encontrem e... acho que isso não vai dar certo. Talvez se eu perguntar para alguém eu não seja espancado de novo... Já sei!
Então decide dormir por ali naquela noite. Mesmo no meio da noite o barulho de gente passando é frequente, mas vai diminuindo. Samuel não consegue dormir, está ansioso. Ele ouve um barulho de porta abrindo, como está no segundo andar da casa, resolve ficar lá mesmo, quieto. Ouve no corredor o cochicho, que parece vir de duas garotas. Algumas outras portas são abertas e risos são ouvidos. Então a porta do quarto de Helen, que é onde Samuel está, é aberta.
- Ah... – gritam as garotas.
Samuel assustado fica imóvel. As garotas correm. Ele está lá parado em seu canto e esperando o tempo passar. Alguns minutos depois, ouve-se os risos novamente, sãos as garotas que estão voltando para onde está Samuel. Elas abrem a porta, ele as olha desconfiado, elas dizem:
- Quem é você? Ou o que é você?
- Sou Samuel.
- Oi, Samuel. – diz as garotas, em meio a risos. – Viemos aqui te conhecer.
As garotas vão chegando perto de Samuel e ficam se insinuando para ele. Então ele se levanta e grita:
- Saiam daqui!
Assustadas elas correm. Ao amanhecer ele levanta, olha pela janela da casa e vê que a rua está vazia. Samuel sai da casa, com cuidado e vai até à igreja. Lá chegando avista a grande e espaçosa porta da igreja aberta. A congregação está toda reunida olhando para o pastor que prega. Aos poucos Samuel vai entrando pelo tapete vermelho, ele caminha assombrado com o interior da igreja. Quando seus olhos fitam a imagem de Jesus Cristo pregado na cruz ele sente grande pavor. Então de relance avista Helen, sentada em um banco no meio da congregação.
- Helen! – grita Samuel.
Helen vira o rosto e encara Samuel. Samuel abre um sorriso, enquanto ela está estática, sem reação.
Da frente da igreja o pastor fala, fora do microfone:
- Vejam, quem é aquele?
Então uma mulher se levanta e diz:
- Você não deveria estar aqui. – grita a mulher apontando para ele.
Então Samuel olha para a mulher e depois para todos ali e diz com voz de trovão:
- Vocês é que não deveriam estar aqui!
Todos se silenciam com olhares espantados.
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