A História de Samuel e Helen - parte 13

Todos se silenciam com olhares espantados. E Samuel lhes disse:


- Eu sou negro e digo as palavras que são colocadas em meu coração. E sinto no coração que devo dizer a vocês que a foice da justa destruição está sobre o pescoço de vocês e não vai passar um dia antes que caia sobre vocês a foice da justa destruição.

- Sim – continua Samuel – Uma terrível destruição está por vir e espreita-se esperando por todos vocês. E nada salvará vocês, a não ser que reconheçam tudo o que vocês tem feito de errado, e abandonem esses hábitos maldosos e que destroem a alma. E assim, apeguem-se Aquele que vocês professam a seguir. Aquele que veio para salvá-los e não esconder os seus erros. Aquele que sofreu muito para livrá-los do jugo do mal, mas que vocês rejeitam.

- E isso não é tudo – diz Samuel – vocês foram ensinados na lei de Deus, sim, foram instruídos no conhecimento do Senhor, mas mesmo assim, por mais estranho que pareça, vocês se tornaram mais duros, mais selvagens, mais iníquos e ferozes do que meu próprio povo, aquele a qual vocês odeiam. Sim, vocês se esqueceram por completo do Senhor seu Deus.

A congregação se enraiveceu naquele momento e atacaram Samuel. Mas não houve quem conseguisse por a mão sobre ele, pois ele foi livrado. E ele apareceu na parte interior e superior da igreja. E de lá falou com voz de trovão e não ouve quem não tremesse ao ouvir sua voz, e Samuel falou assim:

- Oh, como eu queria que vocês pudessem enxergar e ver a verdade que está diante de vocês. Vocês carregam a verdade em seus lábios, porém a verdade foge-lhes no coração. Ora, vocês devem estar se perguntando como sei dessas coisas. Sei delas, pois um anjo me falou. Sim, um anjo do seu próprio Deus me revelou essas coisas e cesso minhas palavras, pois já denunciei a culpa das suas mãos.

Quando terminou de falar essas palavras os da congregação deitaram a mão sobre Samuel e o prenderam, mas não ousaram feri-lo naquele momento por temor.

Na delegacia, enquanto aguardava para saber o que aconteceria com si, Samuel recebeu a visita de Helen.

- Helen.
- Samuel, como você está?
- Eu estou bem e você?
- Samuel, você não deveria ter vindo atrás de mim, eles vão te matar.
- Ainda que eu morra, não viveria sabendo que você precisa de mim.
- Você não conhece o ódio que eles sentem por pessoas como você.
- E você, Helen. O que sente por mim?
- Ah! Samuel. Estou tão confusa.
- Confusão não é coisa boa, meu pai me dizia. Logo você sairá daqui e voltaremos para a aldeia.
- Mas minha família gosta muito de mim, como vou viver longe deles?
- Eu conheço o seu coração, Helen. Sei que você foi confundida por morar, mesmo que por um pequeno tempo, com eles. Mas sei também da culpa deles, pois lançam a sorte em tudo o que é de mal e colherão o fruto do erro. Helen, se você ficar com eles, de igual modo você não vai sobreviver e será infeliz. E a foice da justa destruição ira vir sobre você também.
- Minha amiga – continua Samuel – não se deixe levar pelo o que é mal. Estou hoje aqui porque você me ensinou a ser bom, você me ensinou a vontade de Deus e agora estou pondo em prática as palavras que me ensinou. E eu quero, ou melhor, gostaria de poder ter a responsabilidade sobre as pessoas daqui, mas não posso, pois são pessoas más que procuram o que é de ruim. Mas mesmo que apenas uma pessoa mude, já muito ficarei alegre.

Já chorando, Helen sente o peso da escolha sobre seus ombros. Na verdade, ela já escolheu fazer o que é correto, o peso que ela sente agora é por saber que grandes tribulações advêm sobre si por suas escolhas.

- Nessa madrugada eu virei te resgatar, fique de prontidão.

Comentários

Postagens mais visitadas