A História de Samuel e Helen - parte 5
Desde sua chegada Helen procura ao redor da aldeia uma cidade de brancos. Por isso já esteve em grandes dificuldades, encontrando grandes perigos pelo deserto. Sempre acompanhada de seu amigo Samuel. Perto da aldeia, no topo de um monte, Helen e Samuel costumam passar noites em claro.
- Eu nunca tinha vindo até aqui antes de você chegar. – diz Samuel.
- Nossa! Aqui é tão bonito, como você nunca tinha vindo até aqui. – espanta-se Helen.
- Muita coisa mudou desde que você chegou. Eu acho que você nos faz muito bem.
- Eu me sinto em casa.
- Você acha que aqui nós estamos mais perto de Deus? – pergunta Samuel.
- Acho que sim, mas não porque é mais alto.
- Por que então?
- Porque aqui não tem ninguém.
Helen vai para casa e deita na cama. A noite parecia não passar, os minutos pareciam horas, então o escuro da madrugada foi interrompido por uma luz seguida de um barulho forte.
- O que foi isso? – assustada se pergunta Helen.
Ela levanta sorrateiramente, sai da casa e avista um clarão em meio ao deserto, do lado de lá da estrada. Decide se aproximar e averiguar. Ao chegar mais perto reconhece o carro de seus pais.
Assustada ela corre para perto do carro, nem se importando com o fogo e a medida com que chega mais perto do carro o fogo vai diminuindo e a noite escurecendo cada vez mais. Ela olha para dentro do carro e nada vê. Seus pais não estão lá, não tem ninguém lá.
- Eu queria vê-lo ao menos uma vez, somente a última vez.
Helen chora e entrega-se a tristeza sentida. Mas ela é interrompida por barulhos de passos em meio à escuridão, ela levanta-se e vê apenas olhos vermelhos vindo em sua direção. São canídeos do deserto que estão por toda a parte, Helen corre em direção à aldeia, os canídeos correm atrás dela, ela olha para trás e vê que os canídeos fugiram e quando volta seu olhar para frente se depara com um gigante homem negro, segurando um pedaço de pau, à sua frente.
- Não me machuque, senhor. – suplica a apavorada garota.
O homem se prepara para dar um golpe nela, que agora está ajoelhada e orando, quando de repente Helen acorda.
Já é a manhã de sua partida para a cidade:
- Samuel, acorda! – sussurra Helen no ouvido de Samuel.
- É de noite ainda, o que você está fazendo acordada?
- Vamos, estou indo para a cidade dos brancos. Dois servos do Chefe vão me levar. Vem comigo, por favor.
- Tá, eu vou. – pergunta-lhe Samuel.
- Vamos logo.
- Espera aí, que eu tenho que avisar o meu pai.
- Vou te esperar lá fora. Vai rápido!
A jovem Helen parte para a cidade, com seu melhor amigo e os dois servos do chefe. O deserto é vigoroso, principalmente com a menina branca que viveu toda a sua vida em uma cidade com a temperatura mais agradável. A viagem longa e demorada tem fim na minha conhecida cidade de Random.
A cidade é muito grande. Ao entrarem eles se espantam ao verem brancos e negros convivendo juntos.
- Helen, o que está acontecendo aqui? – pergunta Samuel.
- Eu não sei, nunca tinha visto isso antes na minha vida.
Helen não se lembrava, mas conhecia aquela cidade.
- Precisamos achar um professor. – diz Helen.
Andando por entre as ruas e avenidas daquela cidade ela avista muitas coisas que lhe chamam a atenção. A Igreja, a padaria, o supermercado, toda aquela civilização que existia em Boêria. Então ela encontra um edifício parecido com sua antiga escolinha.
- Acho que aqui vai ter um professor.
Samuel e Helen entram por uma porta ao lado do edifício, pois o portão principal está fechado. Os servos do chefe ficam do lado de fora esperando. Logo encontram uma mulher sentada atrás de uma mesa.
- Oi. – sorri Helen.
- O que vocês desejam? – pergunta a mulher.
- Nós queremos aprender a ler.
- Você não tem mais idade para entrar nessa escola. – fala-lhe a mulher, nem se importando com ela.
- Mas eu não sei ler. – já aflita diz a jovem menina.
- Essa escola é para crianças, não para jovens.
Eles saem de lá tristes.
- Eu não entendo. – diz Samuel – Por que nós somos velhos para aprender?
- Eu não entendo também. – lamenta Helen – Vamos encontrar alguém que queira nos ensinar.
Partindo encontram mais uma escola.
- Oi – diz Helen a atendente – Queremos aprender a ler, por isso estamos aqui.
- Vocês não sabem ler? – diz a atendente – não podem entrar nessa escola sem saberem ler.
- Eu não entendo – diz Helen – a escola é para aprender a ler, mas eu preciso saber ler para entrar na escola.
- É que vocês tem que ir para uma escola de crianças. – explica a atendente.
Eles partem perguntando para as pessoas onde fica a escola de crianças. Encontrando uma se deparam com mais um problema, não estão acompanhados por seus pais e a escola somente aceita a inscrição de alunos se estão acompanhados pelos seus pais.
Quando saem dessa escola em que estavam avistam um grande alvoroço. Aproximando-se percebem que um homem está discutindo com os servos do chefe. E uma multidão está em volta deles. Os dois correm para ajudá-lo.
- O que está acontecendo aqui? – pergunta Helen ao homem que briga com seus amigos.
- Ele pegou comida do meu supermercado e não pagou. – indignado diz o homem.
Voltando-se para os dois, Helen explica que eles têm que pagar pela comida. Apesar de não entenderem, os dois devolvem o que pegaram.
Caminhando por entre as ruas, eles percebem que a agito da cidade vai diminuindo, as casas vão aumentando, bem como os muros das casas. Eles estão chegando na parte alta da cidade onde moram as pessoas mais ricas. As poucas pessoas que passam por eles, sentem algum tipo de receio por estarem mal vestidos e sujos.
- Essas casas são enormes. – diz Samuel.
Resolvem então parar uma mulher que está passando com o seu cachorro:
- Ei, a senhora pode nos ajudar. – fala Helen.
A mulher arregala os olhos, pega o seu cachorro no colo e sai correndo.
- O que aconteceu com ela? – pergunta Helen.
- Eu não sei. Acho que não vamos conseguir nada aqui.
Descendo pelas ruas percebem o agito voltar e as casas cada vez menores. Ao entrarem nos bairros mais pobres percebem que há mais negros. Estranham o fato. Decidem perguntar para as pessoas que ali passam:
- Oi, você sabe quem pode me ensinar a ler? – pergunta Helen.
O rapaz que Helen está perguntando veste uma jaqueta, calça jeans e boné para o lado.
- O que você quer? – pergunta o rapaz.
- Quero aprender a ler, eu não sei ler.
- Olha aqui, branquela. Eu também não sei ler. Se você quer aprender tem que ir para escola.
- Não tem escola lá na aldeia. – diz Samuel.
- Aldeia? Vocês são muito estranhos. Mas olha só acho que posso ajudar vocês. Eu tenho um amigo, o nome dele é Bacana. O Bacana consegue arrumar qualquer coisa para qualquer um.
- E onde o Bacana mora? – pergunta Helen.
- O Bacana não mora, ele se esconde. Vamos fazer o seguinte, venham comigo.
O rapaz vai até um beco e pede para que eles esperem lá. Após alguns minutos:
- Ele está demorando. – diz Helen.
- Será que foi uma boa ideia? – pergunta um dos servos do chefe – Eu não gosto daquele homem.
- Eu não sei. – diz Helen – O que importa é que o Bacana vai nos ajudar.
Então cinco homens negros, armados com paus e pedras, entram no beco dizendo:
- Já era pra vocês, gurizada.
- Vocês não devia vir aqui.
- É... aqui é a nossa área.
Os servos do chefe pegam seus arcos e suas flechas e atiram em direção dos homens que vem para atacá-los. Eles acertam várias flechas nas pernas dos cinco homens que caem no chão.
- Vocês são loucos! Querem mata a gente? – grita um dos homens que está no chão.
- Onde está o Bacana? – pergunta Helen.
- Cara, você é doida se tá querendo achar o Bacana. – diz um dos homens que está caído no chão.
- Se eu sou doida ou não o problema é meu. – Então Helen pisa no pescoço do homem – Vai me diga logo, onde está o Bacana?
- No final da rua, tem uma casa de tijolos com um portãozinho azul, lá é a casa da vó dele, ele passa todo o tempo lá.
- Vamos, com certeza o Bacana vai ajudar a gente. – diz Helen.
Então eles caminham até o final da rua e chegando lá avistam a casa de tijolos com portãozinho azul, bem como o homem tinha falado.
- Ali está a casa. – diz um dos servos.
- Vamos chamar por ele. – diz Samuel.
- Bacana! – grita Helen – Bacana! Cadê você?
Após alguns segundos chamando uma senhora sai na porta da casa e pergunta:
- Quem é?
- Meu nome é Helen, senhora. Cadê o Bacana?
- Não mora nenhum “Pacana” aqui não.
- Não é “Pacana” é Bacana? – diz Samuel.
- Nem “Pacana” e nem Bacana.
- Os rapazes do beco disseram que ele mora aqui. – diz Helen.
- Eu não sei do que vocês estão falando, eu tenho que entrar.
A senhora entra e fecha a porta.
- Ah! Eu não vim aqui para nada.
Helen pula o portãozinho e vai até a porta.
- Helen! Volta aqui, o que você está fazendo? – pergunta Samuel.
- Eu sei que o Bacana está aqui sim, essa velha está mentindo. – diz Helen batendo na porta com muita força.
Então a porta abre de repente e um homem alto, de cabelos curtos e orelhas grandes aparece.
- Você é o Bacana, não é?
- O que você quer, garotinha?
- Eu quero aprender a ler. – diz Helen.
- E o que eu tenho haver com isso?
- O homem do beco me disse que você pode arranjar qualquer coisa para qualquer um.
- Eu posso, mas não ensinar a ninguém ler. – diz o homem estranhando a situação.
- Então você não pode arranjar qualquer coisa para qualquer um.
- Menina, vá embora daqui, antes que eu dê um fim em você, entendeu?
- Eu não vou embora até que você me ajude.
- Nossa, menina! Você sabe quem eu sou? Você sabe com quem está falando? É melhor você dá o fora daqui rapidim, se não a coisa vai ficar feia pro seu lado.
- Eu vou, mas que fique bem claro que você é um imprestável. Não serve para nada.
Helen vai saindo e resmungando. Então o homem diz:
- Olha aqui sua idiota. Tem uma velha que mora a duas quadras daqui, lá pra cima. Ela ensina velhos aprender a ler.
Ela esboça um sorriso e parte em busca da senhora que ensina idosos a ler.
Perguntando para as pessoas na rua rapidamente chegam onde havia sido indicado. É uma casa velha, mas bem cuidada. Cheia de flores na frente. Ao entrarem se deparam com uma senhora bem simpática:
- O que desejam jovens?
- Nós queremos aprender a ler. – sorridente responde-lhe Helen.
- Oh! Vocês ainda não sabem a ler. Na idade de vocês eu já tinha lido muitos livros. Bem... o que temos aqui. – a senhora se aproxima de Helen e pega sua bíblia – É uma Bíblia. No meu tempo as crianças também liam a Bíblia.
- Eu não sei ler, por isso não posso ler para o chefe da aldeia.
- Chefe? Aldeia? O que você está dizendo?
- Eu e o Samuel moramos em uma aldeia longe daqui.
- Mas aldeia é uma coisa de índios. – diz a senhora.
- Não somos índios! – responde Samuel.
- Onde estão os pais de vocês?
- Meu pai está na aldeia. – diz Samuel àquela curiosa senhora.
A senhora volta-se para Helen, esperando sua resposta, mas ela fica em silêncio.
- Onde estão seus pais, menina?
- Eu não tenho pais. Vim aqui para aprender a ler. Se a senhora não vai ensinar a gente a ler, então vamos embora.
Enquanto os dois saem, a senhora diz:
- Não... Por favor, não vá embora. – suplica a aflita senhora. – Você não pode ir embora, Helen.
Espantada Helen pergunta:
- Como você sabe meu nome?
- Eu sou sua avó, minha querida.
O olhar familiar daquela senhora tinha uma razão. Em alguns instantes Helen teve um turbilhão de pensamentos, sem saber quais sentimentos sentir, até então escolher o sentimento de amor que ela tinha pela sua família.
As duas choraram bastante, abraçaram-se e alegraram-se. A avó de Helen explicou-lhe que nunca tinham tido mais notícia de sua família e não sabia o que tinha acontecido, disse também que o avô dela tinha falecido.
- Mas diga, minha filha. Onde estão seus pais?
Após um tempo de silêncio Helen começa a chorar e conta-lhe:
- A gente estava viajando para ver a senhora. Eu estava com muita saudades da senhora. De repente um cheiro de queimado e a mamãe se apavorou, alguma coisa deu errado e o carro capotou. Papai e mamãe não sobreviveram.
A avó de Helen chora, então pergunta:
- E você, minha querida, o que aconteceu contigo?
- Eu fui salva pelo pai do meu amigo Samuel. Agora moro com eles e eles são minha família.
- Morreram...? – a senhora parece não acredita – Não pode ser. Ai... eu não estou bem.
A avó de Helen começa a ficar pálida, de súbito perde a consciência e cai no chão.
- Vovó? – grita Helen – alguém ajuda aqui!
Outras pessoas que estavam na casa rapidamente socorrem senhora e levam-na para o hospital.
- Eu nunca tinha vindo até aqui antes de você chegar. – diz Samuel.
- Nossa! Aqui é tão bonito, como você nunca tinha vindo até aqui. – espanta-se Helen.
- Muita coisa mudou desde que você chegou. Eu acho que você nos faz muito bem.
- Eu me sinto em casa.
- Você acha que aqui nós estamos mais perto de Deus? – pergunta Samuel.
- Acho que sim, mas não porque é mais alto.
- Por que então?
- Porque aqui não tem ninguém.
Helen vai para casa e deita na cama. A noite parecia não passar, os minutos pareciam horas, então o escuro da madrugada foi interrompido por uma luz seguida de um barulho forte.
- O que foi isso? – assustada se pergunta Helen.
Ela levanta sorrateiramente, sai da casa e avista um clarão em meio ao deserto, do lado de lá da estrada. Decide se aproximar e averiguar. Ao chegar mais perto reconhece o carro de seus pais.
Assustada ela corre para perto do carro, nem se importando com o fogo e a medida com que chega mais perto do carro o fogo vai diminuindo e a noite escurecendo cada vez mais. Ela olha para dentro do carro e nada vê. Seus pais não estão lá, não tem ninguém lá.
- Eu queria vê-lo ao menos uma vez, somente a última vez.
Helen chora e entrega-se a tristeza sentida. Mas ela é interrompida por barulhos de passos em meio à escuridão, ela levanta-se e vê apenas olhos vermelhos vindo em sua direção. São canídeos do deserto que estão por toda a parte, Helen corre em direção à aldeia, os canídeos correm atrás dela, ela olha para trás e vê que os canídeos fugiram e quando volta seu olhar para frente se depara com um gigante homem negro, segurando um pedaço de pau, à sua frente.
- Não me machuque, senhor. – suplica a apavorada garota.
O homem se prepara para dar um golpe nela, que agora está ajoelhada e orando, quando de repente Helen acorda.
Já é a manhã de sua partida para a cidade:
- Samuel, acorda! – sussurra Helen no ouvido de Samuel.
- É de noite ainda, o que você está fazendo acordada?
- Vamos, estou indo para a cidade dos brancos. Dois servos do Chefe vão me levar. Vem comigo, por favor.
- Tá, eu vou. – pergunta-lhe Samuel.
- Vamos logo.
- Espera aí, que eu tenho que avisar o meu pai.
- Vou te esperar lá fora. Vai rápido!
A jovem Helen parte para a cidade, com seu melhor amigo e os dois servos do chefe. O deserto é vigoroso, principalmente com a menina branca que viveu toda a sua vida em uma cidade com a temperatura mais agradável. A viagem longa e demorada tem fim na minha conhecida cidade de Random.
A cidade é muito grande. Ao entrarem eles se espantam ao verem brancos e negros convivendo juntos.
- Helen, o que está acontecendo aqui? – pergunta Samuel.
- Eu não sei, nunca tinha visto isso antes na minha vida.
Helen não se lembrava, mas conhecia aquela cidade.
- Precisamos achar um professor. – diz Helen.
Andando por entre as ruas e avenidas daquela cidade ela avista muitas coisas que lhe chamam a atenção. A Igreja, a padaria, o supermercado, toda aquela civilização que existia em Boêria. Então ela encontra um edifício parecido com sua antiga escolinha.
- Acho que aqui vai ter um professor.
Samuel e Helen entram por uma porta ao lado do edifício, pois o portão principal está fechado. Os servos do chefe ficam do lado de fora esperando. Logo encontram uma mulher sentada atrás de uma mesa.
- Oi. – sorri Helen.
- O que vocês desejam? – pergunta a mulher.
- Nós queremos aprender a ler.
- Você não tem mais idade para entrar nessa escola. – fala-lhe a mulher, nem se importando com ela.
- Mas eu não sei ler. – já aflita diz a jovem menina.
- Essa escola é para crianças, não para jovens.
Eles saem de lá tristes.
- Eu não entendo. – diz Samuel – Por que nós somos velhos para aprender?
- Eu não entendo também. – lamenta Helen – Vamos encontrar alguém que queira nos ensinar.
Partindo encontram mais uma escola.
- Oi – diz Helen a atendente – Queremos aprender a ler, por isso estamos aqui.
- Vocês não sabem ler? – diz a atendente – não podem entrar nessa escola sem saberem ler.
- Eu não entendo – diz Helen – a escola é para aprender a ler, mas eu preciso saber ler para entrar na escola.
- É que vocês tem que ir para uma escola de crianças. – explica a atendente.
Eles partem perguntando para as pessoas onde fica a escola de crianças. Encontrando uma se deparam com mais um problema, não estão acompanhados por seus pais e a escola somente aceita a inscrição de alunos se estão acompanhados pelos seus pais.
Quando saem dessa escola em que estavam avistam um grande alvoroço. Aproximando-se percebem que um homem está discutindo com os servos do chefe. E uma multidão está em volta deles. Os dois correm para ajudá-lo.
- O que está acontecendo aqui? – pergunta Helen ao homem que briga com seus amigos.
- Ele pegou comida do meu supermercado e não pagou. – indignado diz o homem.
Voltando-se para os dois, Helen explica que eles têm que pagar pela comida. Apesar de não entenderem, os dois devolvem o que pegaram.
Caminhando por entre as ruas, eles percebem que a agito da cidade vai diminuindo, as casas vão aumentando, bem como os muros das casas. Eles estão chegando na parte alta da cidade onde moram as pessoas mais ricas. As poucas pessoas que passam por eles, sentem algum tipo de receio por estarem mal vestidos e sujos.
- Essas casas são enormes. – diz Samuel.
Resolvem então parar uma mulher que está passando com o seu cachorro:
- Ei, a senhora pode nos ajudar. – fala Helen.
A mulher arregala os olhos, pega o seu cachorro no colo e sai correndo.
- O que aconteceu com ela? – pergunta Helen.
- Eu não sei. Acho que não vamos conseguir nada aqui.
Descendo pelas ruas percebem o agito voltar e as casas cada vez menores. Ao entrarem nos bairros mais pobres percebem que há mais negros. Estranham o fato. Decidem perguntar para as pessoas que ali passam:
- Oi, você sabe quem pode me ensinar a ler? – pergunta Helen.
O rapaz que Helen está perguntando veste uma jaqueta, calça jeans e boné para o lado.
- O que você quer? – pergunta o rapaz.
- Quero aprender a ler, eu não sei ler.
- Olha aqui, branquela. Eu também não sei ler. Se você quer aprender tem que ir para escola.
- Não tem escola lá na aldeia. – diz Samuel.
- Aldeia? Vocês são muito estranhos. Mas olha só acho que posso ajudar vocês. Eu tenho um amigo, o nome dele é Bacana. O Bacana consegue arrumar qualquer coisa para qualquer um.
- E onde o Bacana mora? – pergunta Helen.
- O Bacana não mora, ele se esconde. Vamos fazer o seguinte, venham comigo.
O rapaz vai até um beco e pede para que eles esperem lá. Após alguns minutos:
- Ele está demorando. – diz Helen.
- Será que foi uma boa ideia? – pergunta um dos servos do chefe – Eu não gosto daquele homem.
- Eu não sei. – diz Helen – O que importa é que o Bacana vai nos ajudar.
Então cinco homens negros, armados com paus e pedras, entram no beco dizendo:
- Já era pra vocês, gurizada.
- Vocês não devia vir aqui.
- É... aqui é a nossa área.
Os servos do chefe pegam seus arcos e suas flechas e atiram em direção dos homens que vem para atacá-los. Eles acertam várias flechas nas pernas dos cinco homens que caem no chão.
- Vocês são loucos! Querem mata a gente? – grita um dos homens que está no chão.
- Onde está o Bacana? – pergunta Helen.
- Cara, você é doida se tá querendo achar o Bacana. – diz um dos homens que está caído no chão.
- Se eu sou doida ou não o problema é meu. – Então Helen pisa no pescoço do homem – Vai me diga logo, onde está o Bacana?
- No final da rua, tem uma casa de tijolos com um portãozinho azul, lá é a casa da vó dele, ele passa todo o tempo lá.
- Vamos, com certeza o Bacana vai ajudar a gente. – diz Helen.
Então eles caminham até o final da rua e chegando lá avistam a casa de tijolos com portãozinho azul, bem como o homem tinha falado.
- Ali está a casa. – diz um dos servos.
- Vamos chamar por ele. – diz Samuel.
- Bacana! – grita Helen – Bacana! Cadê você?
Após alguns segundos chamando uma senhora sai na porta da casa e pergunta:
- Quem é?
- Meu nome é Helen, senhora. Cadê o Bacana?
- Não mora nenhum “Pacana” aqui não.
- Não é “Pacana” é Bacana? – diz Samuel.
- Nem “Pacana” e nem Bacana.
- Os rapazes do beco disseram que ele mora aqui. – diz Helen.
- Eu não sei do que vocês estão falando, eu tenho que entrar.
A senhora entra e fecha a porta.
- Ah! Eu não vim aqui para nada.
Helen pula o portãozinho e vai até a porta.
- Helen! Volta aqui, o que você está fazendo? – pergunta Samuel.
- Eu sei que o Bacana está aqui sim, essa velha está mentindo. – diz Helen batendo na porta com muita força.
Então a porta abre de repente e um homem alto, de cabelos curtos e orelhas grandes aparece.
- Você é o Bacana, não é?
- O que você quer, garotinha?
- Eu quero aprender a ler. – diz Helen.
- E o que eu tenho haver com isso?
- O homem do beco me disse que você pode arranjar qualquer coisa para qualquer um.
- Eu posso, mas não ensinar a ninguém ler. – diz o homem estranhando a situação.
- Então você não pode arranjar qualquer coisa para qualquer um.
- Menina, vá embora daqui, antes que eu dê um fim em você, entendeu?
- Eu não vou embora até que você me ajude.
- Nossa, menina! Você sabe quem eu sou? Você sabe com quem está falando? É melhor você dá o fora daqui rapidim, se não a coisa vai ficar feia pro seu lado.
- Eu vou, mas que fique bem claro que você é um imprestável. Não serve para nada.
Helen vai saindo e resmungando. Então o homem diz:
- Olha aqui sua idiota. Tem uma velha que mora a duas quadras daqui, lá pra cima. Ela ensina velhos aprender a ler.
Ela esboça um sorriso e parte em busca da senhora que ensina idosos a ler.
Perguntando para as pessoas na rua rapidamente chegam onde havia sido indicado. É uma casa velha, mas bem cuidada. Cheia de flores na frente. Ao entrarem se deparam com uma senhora bem simpática:
- O que desejam jovens?
- Nós queremos aprender a ler. – sorridente responde-lhe Helen.
- Oh! Vocês ainda não sabem a ler. Na idade de vocês eu já tinha lido muitos livros. Bem... o que temos aqui. – a senhora se aproxima de Helen e pega sua bíblia – É uma Bíblia. No meu tempo as crianças também liam a Bíblia.
- Eu não sei ler, por isso não posso ler para o chefe da aldeia.
- Chefe? Aldeia? O que você está dizendo?
- Eu e o Samuel moramos em uma aldeia longe daqui.
- Mas aldeia é uma coisa de índios. – diz a senhora.
- Não somos índios! – responde Samuel.
- Onde estão os pais de vocês?
- Meu pai está na aldeia. – diz Samuel àquela curiosa senhora.
A senhora volta-se para Helen, esperando sua resposta, mas ela fica em silêncio.
- Onde estão seus pais, menina?
- Eu não tenho pais. Vim aqui para aprender a ler. Se a senhora não vai ensinar a gente a ler, então vamos embora.
Enquanto os dois saem, a senhora diz:
- Não... Por favor, não vá embora. – suplica a aflita senhora. – Você não pode ir embora, Helen.
Espantada Helen pergunta:
- Como você sabe meu nome?
- Eu sou sua avó, minha querida.
O olhar familiar daquela senhora tinha uma razão. Em alguns instantes Helen teve um turbilhão de pensamentos, sem saber quais sentimentos sentir, até então escolher o sentimento de amor que ela tinha pela sua família.
As duas choraram bastante, abraçaram-se e alegraram-se. A avó de Helen explicou-lhe que nunca tinham tido mais notícia de sua família e não sabia o que tinha acontecido, disse também que o avô dela tinha falecido.
- Mas diga, minha filha. Onde estão seus pais?
Após um tempo de silêncio Helen começa a chorar e conta-lhe:
- A gente estava viajando para ver a senhora. Eu estava com muita saudades da senhora. De repente um cheiro de queimado e a mamãe se apavorou, alguma coisa deu errado e o carro capotou. Papai e mamãe não sobreviveram.
A avó de Helen chora, então pergunta:
- E você, minha querida, o que aconteceu contigo?
- Eu fui salva pelo pai do meu amigo Samuel. Agora moro com eles e eles são minha família.
- Morreram...? – a senhora parece não acredita – Não pode ser. Ai... eu não estou bem.
A avó de Helen começa a ficar pálida, de súbito perde a consciência e cai no chão.
- Vovó? – grita Helen – alguém ajuda aqui!
Outras pessoas que estavam na casa rapidamente socorrem senhora e levam-na para o hospital.
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