A História de Samuel e Helen - parte 17

Passado pouco tempo a mulher faleceu. Helen carregou aquele bebê. O Sol escaldante fez com que mais alguns perecessem sem água no deserto. Quando chegaram a um pequeno lago de água suja, sim, a água estava misturada com a terra, e naquele lugar já eram apenas doze, saciaram sua cede. Retomaram sua viajem andando exaustivamente, fortaleciam-se quando estavam sem esperança, uniram-se em amor mútuo. Não houve quem murmurasse e levantando a voz reclamasse.


Após vários dias de caminhada pelo deserto Samuel avistou uma montanha e muito se alegrou, pois sabia que ao subir aquela montanha veria a sua aldeia.

- Veja! Um dia depois daquela montanha chegaremos à aldeia. – diz Samuel.

Apesar de estarem sem forças, dispuseram-se a subir a montanha. Sentiram muito medo quando ainda estando subindo a montanha um vento forte fez com que quase fossem levados, mas logo após o vento sentiram uma paz e calma. E ao chegarem ao topo da montanha avistaram a aldeia a um dia de viagem. Não obstante, quando olharam para trás eis que viram que o grande exército da cidade de Boêria os seguia pelo deserto. E perceberam que por estarem fracos e cansados eram lentos ao viajar, ao passo que o exército de Boêria estava mais bem preparado e poderiam assim, portanto, viajar com muito mais rapidez.

- Samuel. – diz Helen preocupada – se formos para casa, será o fim do nosso povo.
- Eu sei. – diz Samuel.
- O que faremos então? – pergunta um dos que estão com eles.
- Iremos para a aldeia.
- Mas sua cidade será dizimada. – fala um dos que fugiram.
- Eu sei que minha família prefere morrer tentando me ajudar, do que viver sabendo que perecemos em mãos estranhas sem ajuda.
- Bendito seja o teu povo. – diz uma mulher que com eles estavam.

Então eles viajaram a caminho da aldeia. Quando os da aldeia avistaram à Samuel e Helen, muito se alegraram, pois temiam já terem perecido em suas longas jornadas.

- Filho! – exclama o pai de Samuel.

Muitos da aldeia foram os socorrer e levarem água e comida.

- Esses são nossos amigos. – diz Helen ao chefe da aldeia.

Enquanto caminhava para a aldeia o exército de Boêria chegou ao cume da montanha e eram tantos que tomaram toda a montanha e não se via o seu fim. E de lá do alto gritaram, sim, gritaram o dia todo e também à noite continuaram a gritar. Fizeram isso para demonstrar sua selvageria, a fim de aterrorizar os que perseguiam.

Apesar disso toda a aldeia se juntou para defender seus irmãos. Todos que conseguiam carregar uma arma de guerra o fizeram, até mesmo as crianças pegaram em armas.
E quando foi a manhã aquele exército desceu da montanha e correu em direção a aldeia e tão grande era a fúria daqueles homens que chegaram em menos de um dia na aldeia. Os da aldeia estavam posicionados para batalhar e no meio dos dois exércitos, daqueles que corriam furiosamente e daqueles que oravam enquanto o seu inimigo se aproximava, no meio desses dois estava apenas a estrada.

A batalha foi feroz, o número do exército de Boêria era muito maior do que do exército da aldeia, sim, duas vezes mais. Não obstante, os da aldeia batalharam valentemente, pois defendiam seus irmãos, sua casa e família. E apesar de em menor número, eles expulsaram o exército de Boêria.
O exército de Boêria teve que fugir correndo com todo o empenho para não cair nas mãos dos da aldeia.
Grande foi a alegria dos que sobreviveram, também grande foi a dor deles, pois muitos de seus irmãos caíram na batalha. E todos foram enterrados dignamente e seu número foi grande, pois muito havia crescido a aldeia naqueles anos. E seus nomes foram gravados por aqueles que vieram da cidade de Boêria, pois sabiam ler e escrever.

E uma grande pedra com o nome de cada um foi edificada no meio da aldeia, que já era uma cidade. Foi também ensinado o idioma do país, aprenderam também a escreverem sua história.
E vemos assim quão terrível é o estado daquele que conhece a verdade, mas a nega endurecendo o coração e o faz para sua própria condenação. Sim, toma sobre si uma condenação maior do que a daqueles que não segue a verdade por não haver a conhecido. Pois toda carne terá conhecimento de seu próprio estado decaído e poderá escolher para si segundo sua própria vontade. Sim, a retidão para a vida eterna, ou a iniquidade para o cativeiro eterno.

E não há ninguém que não esteja livre julgamento divino e quando sobrevier a nós teremos vivo conhecimento sobre as nossas próprias culpas. E muitos recuarão da presença da fonte de toda a pureza e outros dirão:

- Eis-me aqui, graças a Ti dou por ser O único a quem servi. E todos viveram como irmão, digo irmãos me referindo sobre o amor de irmãos, mas ainda marido terá sua esposa e pai terá seu filho para todo o sempre, num estado de felicidade sem fim.

Não obstante, a essas verdades a qual muitos hão de concordar, os olhos altivos que leem essas coisas não verão sua própria culpa. Cesso por aqui para que eu mesmo não caia em descrença em relação aos homens e não os julgue, pois eis que há muitos que se arrependem e procuram a retidão diariamente.
E aconteceu que todos os que eram da cidade de Boêria foram amistosamente recebidos pelos da aldeia. E aquela aldeia, que se tornou uma cidade, mudou de nome e foi chamada de Lar, por ser um lugar de paz. E todos que ali viveram foram unidos na causa de seu Deus e ajudando-se mutuamente prosperaram na terra e tiveram filhos e filhas, de tal modo que muitos se espantaram com o progresso daquele povo. Samuel organizou uma igreja e procurou não fazer nada que não fosse por divina inspiração.

Samuel e Helen se casaram e tiveram filhos e filhas. Numerosa foi sua descendência.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas